Bernardino Laznik E Ara Jo
3929 palavras
16 páginas
As vicissitudes do encontro mãe/bebê: um caso de depressãoAs vicissitudes do encontro mãe/bebê: um caso de depressão
The vicissitudes of the engagement mother/baby: a depression case
Leda Mariza Fischer Bernardino
Marie Christine Laznik
Gabriela Xavier de Araújo
Resumo
Para que um pequeno infans que acaba de nascer se torne um sujeito – tal como a psicanálise o concebe – ele precisa estabelecer um laço pulsional com um outro, representado, no primeiro momento, pelo agente materno, que deverá referenciá-lo ao campo do Outro, lugar simbólico. O estabelecimento de tal laço não é inato e nem sempre se dá de uma forma muito simples. O presente trabalho pretende discutir o que se convenciona chamar de “amor materno” e suas vicissitudes; analisar as dificuldades do encontro mãe/bebê; apresentar um caso clínico em que a depressão materna incidia em um bebê de poucas semanas, e no qual a intervenção psicanalítica teve um importante papel. Para abordar a questão do apaixonar-se necessário entre a mãe e o bebê, recorre-se ao mito de Eros e Psiquê e às noções de pulsão e gozo da psicanálise lacaniana.
Palavras-chave: Amor materno, Depressão materna, Intervenção psicanalítica, Pulsão, Gozo.
Partindo do popular dito “ser mãe é padecer no paraíso” verificamos, de saída, o sofrimento e o gozo implicados no exercício da maternidade. Se não podemos mais acreditar no instinto materno – desbancado com rigor por Elisabeth Badinter (1980) e suas pesquisas – segundo Michele Benhaim (2007) tampouco podemos crer no mito do amor materno “verdadeiro” e livre de ambivalências.
Pensar, então, no “amor materno” do ponto de vista psicanalítico levanta a questão de saber por quais caminhos se constrói uma mãe e como podemos entender o amor de uma mãe por seu filho e seus desdobramentos.
Charles Melman (1991) diz que uma mãe só será possível se tomarmos como referência uma “estrutura que a autoriza, que a faz e que a torna possível enquanto mãe” (p.64), remetendo à função paterna. É o que Lacan