Belo
Felício Pontes Jr* (artigo publicado pelo Diário do Pará durante a Rio+20)
O governo lançou a Contribuição Brasileira à Conferência Rio+20. No item relativo à energia está dito que […] Dentre as fontes renováveis, a energia hidrelétrica, a cogeração de energia elétrica a partir da biomassa, a energia eólica e solar […] são oportunidades para a geração de emprego e desenvolvimento.
O governo chamou de renovável tanto a energia eólica quanto a gerada por hidrelétricas. Errou. As usinas hidrelétricas não podem ser consideradas geradoras de energia limpa, sobretudo na Amazônia, onde há previsão de 22 e sete já em execução.
O impacto das hidrelétricas vem crescendo à medida que avançam pesquisas científicas sobre a Amazônia. À época do regime militar – construção dos primeiros grandes barramentos – os impactos anunciados se restringiam à remoção da população atingida e interrupção da navegação. Nada se falava, por exemplo, sobre a emissão de metano pelos reservatórios – gás do efeito estufa que é 25 vezes mais poderoso do que o gás carbônico –, o desaparecimento de espécies, mudança do regime hidrológico, desmatamento, especulação fundiária...
No caso de Belo Monte, no rio Xingu, seus efeitos foram estudados por um grupo de 40 renomados cientistas em atuação no Brasil. Ficou conhecido como Painel dos Especialistas. Mostraram que num trecho de 100 km, chamado de Volta Grande do Xingu, haverá drástica redução de água em virtude de um desvio causado pela barragem. Não haverá segurança alimentar para os ribeirinhos, mais de 300 espécies de peixes correm o risco de desaparecer. Algumas só encontradas nessa região.
A área a ser inundada é de pouco mais 500 km², em um dos dois reservatórios. O desmatamento indireto, causado pela migração, pode chegar a 5,3 mil km², a depender da existência de governança alta. Significa que a floresta não virá abaixo se houver suficientes fiscais ambientais, policiamento, juízes e membros do Ministério