Belle de Jour
Rio de Janeiro
2014
Belle de Jour (A Bela da Tarde) é um filme dirigido por Luís Buñuel com roteiro baseado na obra de Joseph Kessel. É uma obra que desafia as explicações objetivas. Ele aborda o mundo particular e fantasioso de uma bela burguesa, Séverine Serizy (Catherine Deneuve) de forma angustiante. Ela possui um casamento “perfeito” com o médico Pierre Serizy (Jean Sorel): ele é paciente e bondoso e até aceita dormir em camas separadas, porém ela parece fria e não possui desejo sexual por ele.
Dessa forma, Séverine vive um conflito interno. Por um lado possui fetiches sexuais por estranhos e por outro, tem que reprimir tais pensamentos. Nas primeiras cenas do filme o autor já expõe essa confusão entre o real e o onírico em uma cena na carruagem em que a personagem se imagina amarrada em uma corda e com seus funcionários estuprando-a. A cena é intrigante, pois não há como identificar o que de fato aconteceu ou não. E é desse modo que Buñuel constrói todo o enredo do filme.
Lançado em 1967, pouco depois que o cinema ficou livre da censura, na França, ele destaca um assunto com questões ainda atuais, como o embate do inconsciente. Um lado do ser humano obscuro e reprimido que, no caso de Séverine, vai contra os valores morais, religiosos e éticos da sociedade. Com isso, nos faz questionar sobre o quanto podemos fazer para realizar nossas fantasias. No drama, a personagem procura o prostíbulo de madame Anais
(Geneviève Page) para satisfazer seus desejos mais profundos. Ficando disponível apenas na parte da tarde, horário que seu marido está trabalhando, Séverine ganha a denominação de A
Bela da Tarde e então, começa a viver o seu inconsciente.
Nossos devaneios se perdem junto com o dela e assim colocamo-nos no lugar de Séverine e nos identificamos por seus desejos, apesar de estranhos, serem mascarados e interiorizados.
Pensamos nas nossas vontades que também não possuem vida e que são julgadas