Beleza criadora
Trinta anos após sua morte, Tennessee Williams segue no imaginário dos Estados Unidos, como testemunham a reedição de seus livros e a volta exitosa de 'Gata em Teto de Zinco Quente' ao palco
08 de fevereiro de 2013 | 23h 27 * Notícia * ------------------------------------------------- ------------------------------------------------- -------------------------------------------------
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Danubio Torres Fierro
"Vocês", escreve Tennessee Williams (26/3/1911 -25/2/1983), "pertencem em grande parte a algo que proporciona uma influência estabilizadora, uma existência segura: uma família, uma posição social, um emprego em alguma instituição. Eu, vivo como um cigano, sou um fugitivo." Mais adiante acrescenta: "Eu me considero decididamente singular". As duas afirmações assinalam os extremos entre os quais Williams oscilou. Por suas origens (classe média baixa do Mississippi) e inclinações (homossexual declarado que buscava amizades na vida boêmia), situou-se entre pessoas comuns e se quis anônimo, e, por sua ambição artística, por sua instrumentalização dessa ambição, foi um divo - parente dos deuses - e poderoso.
Sara Krulwich/The New York Times
A atriz Scarlett Johansson no papel de Maggie, na montagem de 'Gata em Teto de Zinco Quente'
Ampliando mais essas características, comprovaremos que ele se considerou vítima e transgressor. Apesar dos reiterados triunfos na carreira, ele foi tanto um quanto outro e nunca deixou de respirar por suas feridas não cicatrizadas. A morte, em 1983, talvez suicídio, não chegou para iluminar, e sim para ensombrecer mais uma passagem rutilante, na aparência. Cravando os dentes no imaginário americano, Williams deixou uma marca que continua profunda. O atual sucesso de Gata em Teto