Behaviorismo
A questão da neutralidade já é diferente. Embora muitos cientistas, incluindo sociólogos, defendam a existência da neutralidade, devemos deixar claro nosso ponto de vista (que não é "neutro" e por isso mesmo é "coerente") segundo o qual a neutralidade é impossível. Sem dúvida, o cientista, seja de que área for, pode abandonar ou não deixar influir em sua produção científica certos valores e concepções, mas os valores fundamentais e elementos estruturantes de sua mentalidade não podem ser removidos nesse processo, uma vez que seres humanos são seres valorativos, fazem a todo o momento escolhas, seleção, demonstrando suas simpatias, preferências, prioridades, isto é, valorando ou desvalorando as coisas, relações, pessoas. Além de impossível, a necessidade da neutralidade é algo discutível. Sem dúvida, determinados valores, concepções, etc., são obstáculos para a compreensão da realidade – principalmente da realidade social, com a qual estamos envolvidos – mas não todos os valores. O preconceito racial, por exemplo, pode prejudicar uma análise sobre a participação do negro no futebol brasileiro ou então sobre a criminalidade e sua relação com as camadas mais pobres da população. Por outro lado, o princípio de que é necessário dizer a verdade acima de quaisquer interesses pessoais e financeiros é benéfico para a produção científica. Assim, deslocamos a questão da neutralidade e o impossível abandono dos valores, para a discussão sobre quais valores estão por detrás da pesquisa científica e quais são prejudiciais ou importantes para a aproximação com a verdade por parte do pesquisador.http://edmfm.multiply.com/market/item/2
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