baylemos agora por deus ay velidas
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Nas cantigas de amigo o trovador expõe outra face da relação amorosa, ou seja, encarrega-se o novo eu lírico, o rosto feminino, simples, recatado e inocente, na qual expressa a agrura do amar, logo após de ser abandonada. Segundo Vieira, é ela quem fala (mulher), encaminhando-se a si mesmo, a princípios da natureza, ou para outras, sobre sua tristeza, quimérico amoroso, ou até mesmo aquilo que se torna um estorvo para ver seu amado. (VIEIRA, 1992, p.43)Em “Baylemos agora, por Deus, ay velidas”, de Joan Zorro, indaga a alegria de amar e ser amada, existindo igualdade entre o amigo e a moça. Em parte a donzela de maneira alegre convida suas amigas para uma dança. Logo se observa um duplo sentido. Ao mesmo tempo em que são convidadas a dançar, são convidadas a iniciação da vida amorosa, já que ambas estão apaixonadas ou que possuem um amigo.
O eu poético, é feminino, embora o autor seja masculino, e comparando a linguagem com a cantiga de amor, declara-se algo simplificado e sem muita musicalidade, já que cantigas de amigo possuem origem Ibérica, ou seja, algo popular. Em suma, diante da leitura de Cunha, sobre sua composição, que apresenta uma estrutura paralelística, compostas de duas estrofes de quatro versos, acompanhados de um refrão de dois versos cada uma, confirma-se ainda mais a pertinência que se trata de uma cantiga de amigo. (CUNHA,1949, p.59)
Referências:
DINIS, Dom. [Cantigas]. In: MONGELLI, Lênia Márcia (Org.). Fremosos cantares: antologia da lírica medieval galego-portuguesa. São Paulo: Martins Fontes, 2009. Cantigas de amor, p. 64-72.
LOPES, Graça Videira (Org.). Cantigas medievais galego-portuguesas. 2013. Disponível em: < http://www.cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=544&pv=sim >.
VIEIRA, Yara Frateschi. A poesia lírica galego-portuguesa. In: MALEVAL, Maria do Amparo Tavares et. al. A literatura portuguesa em perspectiva: Trovadorismo e Humanismo. São Paulo: Atlas, 1992. v. I, p. 25-54.
Cunha, C. O Cancioneiro de Joan Zorro.