A PERTINÊNCIA DA CANTIGA DE AMIGO EM “BAYLEMOS AGORA, POR DEUS, AY VELIDAS
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A PERTINÊNCIA DA CANTIGA DE AMIGO EM “BAYLEMOS AGORA, POR DEUS, AY VELIDASA poesia galego-portuguesa foi marcada no período trovadoresco pela produção literária lírico-amorosa, representada pelas cantigas de amigo e cantigas de amor; e satírica, representada pelas cantigas de escárnio e maldizer.
Em especial, nas cantigas de amigo ainda que escritas por homens,
No geral, quem fala é a própria mulher, dirigindo-se em confissões à mãe, às amigas, aos pássaros, aos arvoredos, às fontes, aos riachos. [(...)] Ao passo que a cantiga de amor é idealista, a de amigos é realista, traduzindo um sentimento espontâneo, natural e primitivo por parte da mulher, e um sentimento donjuanesco e egoísta por parte do homem. (MOISÉS, 1985, p. 25)
Na cantiga “Baylemos agora, por Deus, ay velidas”, de Joan Zorro (1999, p. 249/59), os aspectos da cantiga de amigo estão explícitos desde o primeiro verso, apresentando o sentimento espontâneo e realista do eu-lírico feminino, demarcado pela forma natural e primitiva da donzela encantada e apaixonada ao se dirigir diretamente à suas amigas enamoradas, louvadas e velidas (belas); e também a aquelas que possuem um amigo (s’amig’amar), e pelo fato de convidar apenas estas para bailar.
Além destas características, temos que estruturalmente trata-se de uma cantiga de refrão, já que apresentam “estrofes paralelísticas, estando o primeiro verso do refram mentre o terceiro e quarto delas: aaa-b-a-b” (VIEIRA, 1992, p.249), demarcando um aspecto da cantiga de amigo, onde esta é reduzida a poucos versos, quando eliminamos as repetições.
Desta forma, conclui-se que considerando todos os aspectos da poesia de João Zorro, e às características da cantiga de amigo, temos que é sim pertinente incluir “Baylemos agora, por Deus, ay velidas” como uma cantiga de amigo.