Batismo de sangue
BETTO, Frei. Batismo de Sangue: Guerrilha e morte de Carlos Marighella. 14ª ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2006 (416p.)
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Batismo de sangue: É preferível morrer que perder a vida
Maria Newnum*
O modo poético característico da escrita de Betto é apenas um dos componentes que colocaram essa obra entre os clássicos das leituras sociológicas, políticas e religiosas do Brasil. Essa resenha é baseada na edição histórica de 1982 que sucedeu várias edições e esta 14ª que inclui revisão e ampliação feitas pelo autor e um filme homônimo lançado em 2007, dirigido por Helvécio Ratton.
“Levei dez anos para escrever "Batismo de Sangue" (...). Reviver toda a saga de um grupo de frades dominicanos na luta contra a ditadura militar fez-me sofrer...”[1].
O resultado dessa coletânea de memórias, porém, está longe de um resumo mórbido. O relato é de uma beleza ímpar e homenageia com distinção, todos os personagens que sofreram durante o regime militar. Para isso o autor serve-se de certos personagens que ocuparam maior destaque na imprensa da época entre eles: Carlos Marighella, Frei Tito de Alencar Lima, vários frades dominicanos e “anônimos” que participaram ativamente do cenário brasileiro no auge da ditadura. “A resistência humana tem limites nem sempre conhecidos. Ao encarnar em sua vida os ideais pelos quais lutava Marighella conseguiu que o limite de sua resistência chegasse à fronteira em que a morte recebe o sacrifício como um dom”. (p.27).
A obra contribui para o entendimento do projeto proposto pela ALN – Ação Libertadora Nacional: “O programa básico do movimento dirigido por Carlos Marighella propunha ‘derrubar a ditadura militar’ e ‘formar um governo revolucionário do povo’; ‘expulsar do país os norte-americanos’; ‘expropriar os latifundiários’ e ‘melhorar as condições das condições da vida dos operários, dos camponeses e das classes médias’; ‘acabar com a censura,