Basileia 4
O número já diz alguma coisa: Basiléia 3. Pela terceira vez repete-se o ritual de reunião dos presidentes dos Bancos Centrais, das principais economias do mundo, no mesmo lugar, para tratar dos mesmos assuntos: a estabilidade do sistema financeiro global, e a regulamentação prudencial. Tudo destinado a tornar as crises administráveis, ou não-sistêmicas, e nunca se cogitando de eliminar as crises, o que, no presente caso, não é mero detalhe. Para melhor perspectiva não custa recapitular a cronologia:
1974 – é criado o Comitê de Basiléia, em resposta à quebra do banco alemão Herstatt Bank. O mundo respirou aliviado com o anúncio das regulamentações, e novas regras contábeis, que, segundo os Bancos Centrais, evitariam novas quebras. Não evitaram.
1988 – é firmado o Acordo de Basiléia 1. Tratou-se da regulamentação do risco de crédito, exigências de grau de capitalização, e regras contábeis garantidoras da transparência da situação de liquidez, e solvência, dos bancos. O mundo, mais uma vez, respirou aliviado. Não devia. As crises continuaram.
2004 – é firmado o Acordo de Basiléia 2. Tratou-se de aperfeiçoar Basiléia 1. Mais regulamentação, e ainda maior prudência. O mundo, claro, respirou aliviado. E aí veio a crise de 2007, e, desta vez, recuamos setenta e oito anos no tempo. Revisitamos 1929. Os Bancos Centrais ignoraram Basiléia, e trataram de resgatar bancos, e dívidas soberanas, a qualquer custo, adotando uma inédita política de afrouxamento monetário, que injeta moeda nos mercados na ordem dos trilhões. Foi isto que faltou, conforme lecionava Ben Bernanke em Princeton, para evitar a Crise de 29. Então agora não falta mais.
2010 – chegamos a Basiléia 3. Do que se tratou é inútil repetir. Mas que, nas palavras dos banqueiros centrais, tratou-se da mais profunda regulamentação do sistema financeiro mundial até hoje implementada, não se deve duvidar. E acrescentaram uma novidade à mesmice: regulamentações destinadas a