BAHIA: PERMANÊNCIAS HISTÓRICAS DE UM DISCURSO DOMINANTE: UMA TRADIÇÃO INVENTADA DE BAIANIDADE
Nilson Carvalho Crusoé Júnior
A construção de um discurso ideológico que visa fincar uma tradição histórica e uma memória coletiva esteve presente em todos os períodos da história e muito provavelmente não findará. Esse discurso advoga a primazia de tornar público uma tradição de uma identidade política, e, por conseguinte torna-se, no seio das hostes oficiais, aquele que representa o edifício social e simboliza um povo. Por seu turno, todo edifício social e suas hierarquias possuem um elo modal simbólico que o representa politicamente frente a outros edifícios. Se tomarmos como exemplo o discurso ideológico construído pelas elites letradas da Bahia republicana perceberemos a validade do que está dito. Foi a partir de um discurso constitutivo de uma memória heróica de uma Bahia outrora rica e portentosa que as elites do Estado mantiveram viva sua condição de dominação social. Na verdade o que se deu na Bahia, assim como em qualquer outra sociedade política, foi a tentativa de evocar uma Tradição, a qual, de acordo com Silva e Silva (2006) possui,
Na perspectiva sociológica, a função de preservar para a sociedade costumes e práticas que já demonstraram ser eficazes no passado. Para Weber, os comportamentos tradicionais são formas puras de ação social, ou seja, são atitudes que os indivíduos tomam em sociedade e são orientadas pelo hábito, pela noção de que sempre foi assim. Nessa forma de ação, o indivíduo não pensa nas razões de seu comportamento. O comportamento tradicional seria, então, uma forma de dominação legítima, uma maneira de se influenciar o comportamento de outros homens sem o uso da força. (grifos nossos).
Fazendo uma analogia importante afirmando o que está dito podemos afiançar que a tradição da baianidade pode ser descrita então como uma “tradição inventada” (Hobsbawm e Ranger, 1984), sendo definida como:
Um conjunto de práticas,