Bachour
Até o século xvii, os termos “filosofia” ou “sabedoria” podiam desginar o conjunto do saber racional, tanto em grego antigo (por exemplo, em Aristóteles) quanto nas línguas modernas (por exemplo, em Descartes)
Filosofia se faz “por discursos e raciocíncios”
A filosofia é uma prática discursiva e razoável (de preferência a “racional”)
A filosofia é uma espécie de discurso razoável.
É uma dimensão necessária, não suficiente, já que pode se buscar a verdade sem fazer filosofia.
Filosofia se faz com palavras, mas com palavras que mais frequentemente designam ideias gerais, noções, conceitos. Faz-se com raciocínios, mas que tendem a uma verdade necessária ou universal, e não ao estabelecimento de um fato contingente ou de uma verdade singular.
Ela diz não o verdadeiro mas sim o verossímil, não o que aconteceu mas o que mas pode (ou poderia, ou teria podido) acontecer, não o real mas o possível ou o necessário. Filosofia é como uma poesia ao quadrado, que atinge o real apenas pelo possível ou pelo necessário, o concreto apenas pelo abstrato, o particular apenas pelo universal.
Não é somente sobre ele que Montaigne nos faz pensar, mas sim, e com a intenção deliberada sobre a humanidade em geral, sobre a amizade, morte, política, razão, amizade, felicidade, o ser, o tempo, etc., sobre aquilo a que se pode chamar filosofia de Montaigne, não é a de Platão ou de Hegel.
A abstração, mesmo para encontrar o concreto, é o caminho obrigatório deles.
A filosofia é também uma prática teórica, isto é, indissoluvelmente abstrata, quanto aos seus objetos, e geral, se não universal, quanto aos seus resultados.