bacharel
A origem da família está envolta em muitas incertezas. Muitas teorias procuram explicá-la, sendo que algumas até faltam com o rigor científico ao dissimular a promiscuidade primitiva, negando esse período inicial da vida sexual da humanidade, na pretensão de poupá-la dessa suposta vergonha. Contudo, tal prática mostrou-se fundamental à manutenção de grupos numerosos, aspecto indispensável no limiar da caminhada humana na preservação da espécie se considerados o comportamento nômade e a fragilidade diante de predadores bem mais equipados. Esse tipo de organização, no qual se praticava o denominado matrimônio por grupos, caracterizava-se, de acordo com Engels, pela “tolerância recíproca entre os machos adultos e a ausência de ciúmes constituíram a primeira condição para que se pudessem formar esses grupos numerosos e estáveis”1. Nesse sistema, ainda segundo Engels, “cada mulher pertencia igualmente a todos os homens e cada homem a todas as mulheres”2. Tratava-se, portanto da primeira etapa da família, a família consangüínea, em que se reconhecia a primeira função da família: a de proteção dos seus membros das agressões do mundo exterior.
À medida que os grupamentos humanos foram se fixando nos lugares mais favoráveis ao exercício do seu domínio sobre a natureza, através do desenvolvimento de artefatos que lhes permitisse construir abrigos, cultivar a terra e aprisionar animais, a família consangüínea foi evoluindo para a formação familiar moderna, consubstanciada na família monogâmica, graças à exclusão paulatina do comércio sexual recíproco entre pais e filhos, bem como entre irmãos.
Como se vê, conceitos como ciúme e incesto vieram depois. Conforme Engels, “o ciúme é um sentimento que se desenvolveu relativamente tarde. O mesmo aconteceu com a idéia de incesto”3. Para Lévi-Strauss, referenciado por Carlos Eduardo Pianovski Ruzyk, “a proibição do incesto seria traço de natureza cultural, no atendimento