Babaca
Milho crioulo: tecnologia viável e sustentável que muitos agricultores mantiveram, ao longo do tempo, sementes crioulas nas propriedades. A construção do conhecimento ao longo da história das famílias e a existência de uma lógica, resultado da história de vida, norteiam as ações das pessoas (Freire, 1983). Desta forma, o trabalho desenvolvido pelos escritórios municipais da EMATER/RS de Vanini, David Canabarro, Ciríaco, Muliterno, São Domingos do Sul e Casca tinha como objetivo propiciar aos agricultores interessados a oportunidade de conhecer ou rever materiais (variedades crioulas ou melhoradas), possibilitando sua difusão. Também visava ao intercâmbio de conhecimentos acumulados entre agricultores e técnicos, por meio de reuniões e dias de campo. Ainda, pretendia avaliar o potencial produtivo e a qualidade dos materiais e seu uso na alimentação animal, utilizando-se da Unidade de Experimentação e Pesquisa (UEP). Por fim, pretendia mostrar o uso das variedades na alimentação humana e as diversas formas de aproveitamento. A propriedade onde está localizada a UEP encontra-se em transição agroecológica. Entretanto, todo o cultivo nos primeiros anos foi convencional, embora tenha-se plena consciência de que não basta usar variedades crioulas, é preciso mudar todo o sistema de produção.
Meneguetti, Gilmar Antônio* Girardi, Jordano Luís** Reginatto, João Carlos***
1. Introdução
Afirmar que o uso de variedades crioulas ou melhoradas é tecnologia ultrapassada ou que é a solução para os problemas evidencia formas equivocadas e deterministas de análise da situação da agricultura. Ao fazer referência às unidades agrícolas e familiares de produção e consumo, faz-se referência a grupos e categorias sociais heterogêneas. A partir desta concepção, é possível presumir que os sistemas de cultivo, as formas de organização e as tecnologias de produção podem ser diversas dentro dos diversos grupos e categorias sociais. Somente esta diversidade pode