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De: CAMILO TAVARES
29.03.2013
Por Luiz Fernando Gallego
Mesmo que conheça parte do que é dito e mostrado, sempre haverá alguma novidade para surpreender o espectador.
O título pode ter sido inspirado pelo do livro de Zuenir Ventura, “1968 – o ano que não terminou”, mas a ambição é maior, já que os fatos abordados começam bem antes e terminam bem depois do ano do AI-5: cobrem o tempo que durou uma das mais longas ditaduras militares na América Latina.
O documentário de Camilo Tavares, já exibido em capítulos na TV Brasil, enfoca o papel dos Estados Unidos no golpe de 1964, ou melhor, sua gênese a partir da política intervencionista norte-americana do governo Kennedy, com ênfase na visão e nos atos do então embaixador americano no Brasil, Lincoln Gordon. Se para muitos dos brasileiros não há novidade no aspecto geral desta abordagem, os detalhes que o filme apresenta são contundentes, seja através de imagens de arquivo, seja pelos depoimentos mais recentes dos entrevistados - que são de todas as opiniões e posições, indo, por exemplo, de Plínio de Arruda Sampaio a Newton Cruz.
A articulação entre imagens antigas, documentos americanos Top Secret e entrevistas feitas para o filme é estimulante e mantém o espectador sempre atento, mesmo que conheça parte do que é dito e mostrado. Mas sempre haverá alguma novidade para surpreender.
A edição confere ritmo ágil ao documentário e a duração de apenas hora e vinte deixa a plateia com vontade de que o filme fosse maior e que tratasse de outros aspectos deste período bastante turvo de nossa História ainda recente - e necessitada de mais desvelamentos. Mas não deixa de ser um acerto cinematográfico a delimitação do tempo, do foco e das aspirações do projeto, resultando em um produto enxuto e direto. Apenas algumas seqüências perto do final seguem uma ordenação questionável (como falar do AI-5 para só depois mostrar as cenas do cortejo fúnebre do estudante morto), sem que isso minimize os