Avcs em bebes
Portadores de anemia falciforme são as maiores vítimas dos acidentes vasculares cerebrais na infância
Mal costumeiramente associado aos adultos, o acidente vascular cerebral (AVC), doença que mais mata no Brasil e em muitos países do mundo, também atinge crianças - não poupa sequer os bebês que ainda estão na barriga da mãe. Embora a causa do problema tenha origens diferentes, os sintomas e as sequelas do mal são as mesmas. Em casos mais graves, quando a circulação sanguínea no cérebro é interrompida por muitas horas, funções como respiração, locomoção e fala são comprometidas seriamente e nem sempre voltam ao normal. Algumas crianças permanecem em estado vegetativo.
O fator de risco mais comum para a ocorrência do AVC infantil é a anemia falciforme. A pediatra e hematologista Ísis Magalhães explica que esse tipo de anemia é genética, não tem cura e afeta mais crianças negras do que brancas. O mal altera as hemoglobinas e os vasos sanguíneos. Essas estruturas ficam obstruídas, o que facilita a ocorrência do AVC. "Cerca de 10% das crianças vítimas dessa anemia acabam sofrendo o acidente vascular cerebral. Em proporções bem menores, o AVC na garotada também pode ocorrer devido a outras disfunções no sangue ou no sistema imunológico, a infecções, a meningite e a cardiopatias. A anemia chama mais atenção porque, em nossa região, a cada 1,2 mil nascimentos, temos uma ocorrência. Os médicos devem ficar atentos", alerta a médica.
Nem todos os profissionais de saúde conseguem perceber e diagnosticar o AVC em crianças. Há duas décadas, muitos nem acreditavam que ele poderia ocorrer em pacientes tão jovens. Até hoje, os estudos sobre os derrames infantis são raros - e não existem documentação ou estimativas oficiais da incidência no Brasil. De acordo com Ricardo Teixeira, neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília, os sintomas do AVC em crianças são os mesmos manifestados pelos adultos. "O complicado é que a criançada nem sempre sabe