avaliação de recuperação 6º ano
Velha, muito velha. Mais antiga que o mais antigo dos homens. Mais antiga que o mais antigo dos animais. Sólida, imensa, inabalável. Por ela passaram tempos e ventos. As suas encostas abrigaram avalanches, florestas, tocas de ursos hibernados e ninhos de águias. Em seu ventre se ocultaram cavernas. Sua cabeça cingiu coroas de neves e de nuvens. Seu perfil separou tribos e vales. Seus nomes foram muitos e sempre um só: desafio. Eterna montanha, eternos penhascos, eterno pico chamando, chamando:
— Subam, subam! Cheguem até aqui!
Lá embaixo à noite, em volta das fogueiras, os habitantes da suave planície desfiam lendas sobre os aventureiros que tentaram a subida. São caçadores e camponeses queimados de sol e curtidos pelo trabalho. Eles também fazem parte de uma raça antiga, netos dos netos dos primeiros povoadores que chegaram ao lugar e assentaram suas tendas diante da grande deusa intransponível.
Acostumados a olhar para o céu, todos sabem que a montanha é mãe e é madrasta. Dela descem as águas que alimentam a terra, o gado e o trigo. Dela descem as violentas torrentes de primavera que inundam e matam. Dela brota a eterna esperança na existência de um mundo mais suave, mais abundante e mais justo. Terra de mel e fartura, paragem e pousada além do pico e da morte. Sol e calor após a neve e o frio.
Há séculos esses homens e essas mulheres acreditam que a eternidade é um sonho visível que mora do outro lado da montanha. Quem chegar lá será como os deuses. Por isso, a aldeia cultua a memória dos que foram e não regressaram. Talvez tenham morrido durante a jornada... mas, talvez tenham se incorporado ao espírito eterno das rochas luminosas e flutuem para sempre nos limites estreitos que separam o céu e a terra.
Geração após geração, grandes obelisco de pedras negras são erguidos na base da montanha. Cada um deles lembra a partida de um aventureiro que tentou a escalada e não voltou. Em vez de intimidar os mais corajosos, as pedras