Avaliação, conhecimento e experiência

Em 1962, um paciente com epilepsia – descargas eléctricas no cérebro – fez uma operação que separou o hemisfério esquerdo do direito, impedindo a propagação dos distúrbios epilépticos (já que nenhum outro tratamento o tinha conseguido). A operação de divisão do cérebro corta o corpo caloso, fibras nervosas que ligam os hemisférios. Várias operações foram realizadas, para reduzir ou eliminar os ataques epilépticos. Verificou-se que, embora os hemisférios já não comunicassem, a personalidade e a linguagem não tinham diminuído significativamente. Vinte anos após a 1ª operação, Sperry recebeu o Prémio Nobel pela sua pesquisa. Os experimentos dependiam do seguinte: se uma imagem ou texto é apresentado no campo visual direito, é processado pelo esquerdo e vice-versa. Mas com o cérebro dividido, não havendo comunicação entre hemisférios, cada um permanece ignorante em relação ao que o outro viu. A pesquisa revelou que o hemisfério direito responde mais prontamente ao conteúdo emocional dos estímulos; o esquerdo interpreta mais a experiência em relação à linguagem. Um exemplo é o de Gazzaniga, que trabalhou com Sperry. Ele mostrou um filme assustador sobre a segurança contra incêndios, projectando-o para o campo visual esquerdo. Como as imagens não eram acessíveis para o “centro interpretativo” no hemisfério esquerdo do cérebro, ela não tinha consciência de ter visto o filme. * M.G.: O que é que viu? * Paciente: Eu não sei o que vi realmente. Apenas vi um flash branco. * M.G.: Estavam pessoais aí? * Paciente: Penso que não. Talvez apenas umas árvores, vermelhas como durante a queda. * M.G.: Sentiu alguma emoção? * Paciente: Eu não sei bem porquê, mas senti-me assustada. Talvez fosse porque não gosto desta sala, talvez fosse você. Você está a deixar-me nervosa. Os pacientes parecem sentir medo. O hemisfério direito estava a processar o conteúdo emocional do filme, provocando ansiedade e agitação. No entanto, ela não sabe conscientemente