Quando descobri que era portador do vírus da hepatite C, em outubro de 1995, decidi interromper minhas atividades profissionais. Assumi, então, como objetivo, submeter-me ao tratamento, na época incipiente. Mas, também, propus-me a lutar contra a doença em outra frente, organizando portadores e encaminhando reivindicações junto com eles, às autoridades, para que estas reconhecessem a gravidade da hepatite C e promovessem as necessárias mudanças na maneira de os órgãos oficiais lidarem com a doença. Decidi, ainda, começar a coletar dados relativos às inúmeras dúvidas que têm todos os que ficam sabendo que estão contaminados, já que se trata, de fato, de uma enfermidade sobre a qual pouco se sabe, até porque só muito recentemente foi admitida a existência do vírus. Após 18 meses de tratamento, e hoje, depois de cinco anos sem reaparecimento de indicadores da ação do vírus nos testes a que me submeto periodicamente – o que significa que consegui me curar da doença –, acumulei bastante experiência, freqüentando, nesse ínterim congressos científicos, tendo realizado centenas de palestras, escrito artigos em jornais e revistas, participado de mesas-redondas etc... Neste período, também, mantive diálogo com diferentes esferas do governo sobre o assunto e consegui manter atualizada uma página na Internet, considerada hoje uma das mais importantes do mundo na matéria, a www.hepato.com (preste atenção: não coloque o .br no final). Por experiência própria, sei que, quando o médico nos diagnostica como portadores de hepatite C crônica, o mundo parece desabar. Tudo começa a parecer desconhecido e incerto, principalmente pelo impacto de escutar a palavra crônica, que soa como uma condenação. A primeira sensação é de desespero e a maioria de nós quer saber tudo a respeito da doença diagnosticada, como evolui, como tratá-la, quais as chances de cura, se vamos ou não morrer. Lamentavelmente, não encontramos respostas, até porque o tempo que o médico pode nos dedicar é restrito às