AUTO DA COMPADECIDA SEGUNDO ATO
PALHAÇO: Peço desculpas ao distinto público que teve de assistir a essa pequena carnificina, mas ela era necessária ao desenrolar da história. Agora a cena vai mudar um pouco. Agora vai ser o julgamento daqueles que morreram a alguns tempos atrás....
(Sai o palhaço)
JOÃO GRILO: (Para o cangaceiro) Ei por que você me matou?
CANGACEIRO: E você não me matou primeiro?
JOÃO GRILO: eu sei, mas você já estava desgraçado mesmo, podia Ter me deixado vivo.
SEVERINO: eu, por mim, agora que já morri mesmo. Estou achando até bom.
JOÃO GRILO: É, estão todos muito calmos por que ainda não repararam naquele freguês que está ali, na sombra, esperando que nós acordemos.
(Toca música espantosa)
PADRE: Quem é?
JOÃO GRILO:Você ainda pergunta? Desde que cheguei aqui comecei a sentir um cheiro ruim danado. Essa peste deve ser o Diabo.
ENCOURADO: (saindo das sombras) Calem-se todos. Chegou a hora da verdade. Vocês vão pagar por tudo que fizeram.
PADRE: Mas o que foi que eu...
ENCOURADO: Silêncio! Chegou a hora do silêncio para vocês e do comando para mim. Que vergonha! Todos tremendo! Tão corajosos antes tão covardes agora! O senhor sacristão, tão cheio de dignidade, o padre, o valente severino.. E você, o grilo que enganava todo mundo, tremendo como qualquer safado! Vocês vão todos para o fogo do inferno, para padecer comigo. Vamos todos para dentro.
JOÃO GRILO: Ah, você acha que me entreguei?
MANOEL: E com quem você vai se apegar?
JOÃO GRILO: Com alguém que está mais perto de nós, por gente que é gente mesmo. Querem ver eu dar um jeito nisso?
TODOS: Queremos João.
ENCOURADO: É isso que eu quero ver.
JOÃO GRILO: Eu apelo para a mãe da justiça!!
ENCOURADO, rindo: Ah, mãe da justiça! Quem é essa?
MANOEL: Não ria que ela existe.
SACRISTÃO: E Quem é?
MANUEL: A misericórdia.
CANGACEIRO: Foi coisa que eu nunca vi.
SEVERINDO: Onde mora? E como chamá-la?
JOÃO GRILO: Ah isso é comigo. Vou fazer um chamado especial, em verso. Garanto que