Aula8
Aqui me remeto às proposições de Vigostky já apresentadas sobre a estreita relação entre pensamento e linguagem. Quanto mais se desenvolve a linguagem humana, maiores são as chances de que seu pensamento evolua e alcance os níveis mais altos de abstração e complexidade1. Por esse caminho, podemos estabelecer uma relação entre o uso e apropriação das tecnologias digitais de comunicação e a mudança na forma de pensar e aprender dos sujeitos que convivem com elas.
Não seria diferente com a internet, uma vez que ela altera profundamente a forma de concebermos os processos de comunicação.
Quando nos conectamos à internet, descobrimos novas formas de lidar com a linguagem e a comunicação. Desenvolvemos novas habilidades e novas estratégias para seu uso e domínio. No lugar da comunicação essencialmente verbal, lidamos com imagens, ícones, hiperlinks, que são formas de símbolos e registros de comunicação para muito além do texto verbal. Nesse sentido, podemos afirmar que a internet faz com que se desenvolvam novas formas de uso da faculdade mental da linguagem, ampliando as estruturas do próprio pensamento, como vimos em Vigotsky.
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VIGOSTKY, 2001.
Além disso, a conexão via rede mundial de computadores acaba extinguindo fronteiras e barreiras antes consideradas intransponíveis, como a distância física, geográfica, a diferença cultural, pessoas com problemas de locomoção, como os deficientes físicos, que hoje se comunicam com o mundo pelo uso de seus computadores domésticos sem sair de suas casas. Castells afirma que, a partir dessa proposição de transformação das formas de pensar, deixamos a “galáxia Gutenberg” e entramos na “galáxia da internet”2.
O ponto de partida desta análise é que as pessoas, as instituições, as companhias e a sociedade em geral transformam a tecnologia, qualquer tecnologia, apropriando-a, modificando-a, experimentando-a. Esta é a lição fundamental que a história social da tecnologia ensina, e isso é ainda mais