Aula-tema 05: O Modelo Autônomo de Letramento
Na aula-tema passada você aprendeu sobre os Novos Estudos do Letramento e os construtos teóricos defendidos pelos pesquisadores que representam essa linha de pesquisa. Com isso, você viu também que a teoria dos Novos Estudos do Letramento concebe a linguagem como prática social e que a leitura e a escrita só fazem sentido se estudadas dentro do contexto sociocultural de que fazem parte.
Agora, dando continuidade aos nossos estudos sobre letramento, aprofundaremos um pouco mais no assunto e aprenderemos, nesta aula-tema, o que é o Modelo Autônomo de Letramento e quais são os conceitos que o envolvem.
Segundo o Dicionário Eletrônico Houaiss (2004)[1], a palavra autônomo refere-se ao "funcionamento de sistema ou dispositivo que opera sem ajuda ou sem estar conectado a outro sistema ou dispositivo". Transportando essa definição para os estudos do letramento, a escrita, de acordo com o Modelo Autônomo de Letramento, seria considerada um produto independente, completo em si mesmo, uma tecnologia neutra, universal e transformadora, capaz de promover, por si só, o pensamento crítico e abstrato do indivíduo, podendo ser utilizada e interpretada da mesma maneira, independentemente do contexto, pois o processo de interpretação estaria determinado pelo funcionamento lógico inerente ao próprio texto, e não a aspectos externos a ele. Ao considerar a escrita sob esse ponto de vista, acredita-se que ela é desenvolvida da mesma maneira em qualquer lugar, seja, por exemplo, em uma universidade da capital paulista ou em uma comunidade do sertão nordestino, em uma tribo indígena ou na Academia Brasileira de Letras.
O termo Modelo Autônomo de Letramento foi cunhado, em 1984, pelo antropólogo Brian Street para definir o modelo de letramento que considera a escrita em seu aspecto restrito e a vincula apenas aos fatores individuais do processo de aprendizagem. Sob esse ponto de vista, o letramento é considerado neutro, autônomo e