Aula sobre política
Veremos a partir de agora como se deu a passagem da consciência mítica para a consciência filosófica na civilização grega.
É dito por convenção que os primeiros filósofos foram gregos e surgiram no período arcaico da história da Grécia Antiga (entre os séculos VIII e VI a.C. - Quando se formam as cidades-estados e o comércio se desenvolve). Vale lembrar que existiam sábios que viveram nesta mesma época em outros lugares, porém suas doutrinas estavam mais ligadas a religião do que propriamente a reflexão filosófica.
Alguns autores chamam a passagem da mentalidade mítica para o pensamento crítico racional e filosófico de "milagre grego". Outros, porém, criticam essa visão afirmando ser uma visão simplista que não leva em consideração que essa passagem foi resultado de um processo ocorrido ao longo de anos.
Vale ressaltar alguns fatores que auxiliaram nesse processo de alteração da visão mítica para a da filosofia:
- Invenção da escrita: Lembrando que a consciência mítica predomina em culturas de tradição oral, quando ainda não há escrita. Após seu surgimento, ela se reservou aos privilegiados. No caso da Grécia Antiga, a escrita já existia no período micênico, mas era restrita aos escribas que exerciam funções administrativas de interesse da aristocracia palaciana. No século XII a.C. a invasão dórica levou ao desaparecimento da escrita juntamente com a civilização micênica. Reaparecendo somente por volta do século IX a.C. por influência dos fenícios.
Porém, em seu ressurgimento a escrita é suficientemente desligada da influência religiosa. Os escritos eram divulgados em praça pública onde poderiam ser discutidos, sendo uma forma mais democrática do exercício do poder. Isso não significa dizer que a escrita estava acessível a todos, tendo em vista que a maioria da população era analfabeta. O que pode ser destacado é a dessacralização da escrita, ou seja, seu desligamento do sagrado.