aula filogenese
PSICOPATOLOGIA
As teorias psicanalíticas referentes às perturbações men tais modificaram-se e desenvolveram-se no curso dos últimos sessenta anos, tal como aconteceu às teorias dos impulsos e do aparelho psíquico. Neste capítulo estudaremos esse desen volvimento, a partir de sua origem até o presente, analisando de modo geral os fundamentos da teoria psicanalítica das per turbações mentais, tal como são hoje aceitos.
Quando Freud começou a tratar de pacientes mentalmen te enfermos, a psiquiatria mal saía da infância. A designação diagnóstica, demência precoce, acabava de ser introduzida na literatura psiquiátrica; a neurastenia era o rótulo favorito da maioria das enfermidades que hoje denominaríamos psiconeu roses. Charcot demonstrara, não fazia muito, que os sintomas histéricos podiam ser eliminados ou induzidos pela hipnose, e considerava-se a constituição neuropática a causa principal de toda enfermidade mental, apropriadamente estimulada pelos esforços e tensões anormais provocados pelo ritmo frenético da vida civilizada, das cidades industrializadas.
O leitor deverá recôrdar, de acordo com o Capítulo 1, que a primeira doença pela qual Freud se interessou foi a his teria (Breuer e Freud, 1895). Seguindo uma sugestão de Breuer, tratou de vários casos de histeria com uma forma mo dificada de terapia hipnótica, que se designou como método catártico. Baseado em suas experiências conjuntas, Freud con cluiu que os sintomas histéricos eram causados por lembran ças inconscientes de acontecimentos acompanhados de inten sas emoções que por uma ou outra razão não puderam ser adequadamente expressas ou descarregadas no momento em que ocorrera o acontecimento real. Enquanto as emoções per manecessem impedidas de se manifestar de maneira normal, persistiriam os sintomas histéricos.
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Em essência, portanto, a teoria inicial de Freud sobre a histeria afirmava que os sintomas eram conseqüência de trau mas psíquicos, presumivelmente em indivíduos