Aula de Renascimento e Barroco

O mundo moderno: Renascimento e Barroco
Antonio Vieira da Silva Filho

Como a maioria dos conceitos da história da arte, renascimento e barroco são definições estabelecidas nos séculos XIX e XX. A mudança de foco dos aspectos supramundanos e religiosos da Idade Média para a figuração da realidade imediata é considerada o momento inaugural da época moderna pela filosofia da arte, história da arte e sociologia da arte dos séc. XIX e XX. Não se trata mais, na experiência moderna, da exposição objetiva dos valores religiosos, isto é, não se trata de apresentar na obra de arte o amor, a piedade, a esperança e o pecado cristãos, tal como aparecia na Idade Média, mas antes se trata de estabelecer definitivamente o homem e o seu mundo como os principais conteúdos da figuração artística. Isto se dá porque a modernidade realiza o princípio da subjetividade, isto é, a vontade individual se separa da finalidade do todo e o homem agora verte seu olhar para o seu mundo particular.
Tanto na arte clássica grega como na arte do período medieval o homem permanecia em estreita conexão com a objetividade ética e o conteúdo da arte era a apresentação dos valores e fins do Estado, como na pólis ateniense, bem como a manifestação dos valores da igreja, na Idade Média. Mesmo as representações de temas mundanos, como os da cavalaria, estavam, na Idade Média, imbricados com os dogmas e fins religiosos. O religioso era, assim, o ponto nodal no qual todos os temas e objetos do fazer artístico se encontravam. Não obstante as obras de artes renascentistas apresentarem temas cristãos (afinal os principais mecenas eram os papas e cardeais), estes temas são perpassados pela representatividade do artista, representatividade que aparece no desenvolvimento do conteúdo humanista, na re-configuração e re-elaboração dos ideais greco-romanos, bem como no desenvolvimento dos aspectos formais a partir da observação científica da natureza, da invenção da perspectiva espacial, da