Atualização sobre alterações cognitivas em idosos com síndrome depressiva
A depressão é talvez a causa mais frequente de sofrimento emocional e piora da qualidade de vida nos idosos. Esta população está mais propensa à depressão devido à redução de perspectivas sociais; declínio da saúde; perdas frequentes; alterações biológicas, vasculares, estruturais e funcionais; além de disfunção neuroendócrina e neuroquímica que ocorrem no cérebro durante o envelhecimento. Portanto, o desenvolvimento da depressão nos idosos tem um caráter fundamentalmente multifatorial.
Em virtude do interesse crescente pelo tema depressão em idosos, o artigo trata de uma revisão sobre estudos publicados nos últimos anos sobre alterações cognitivas em idosos com diagnóstico de depressão. Foram selecionados, através do Medline, os estudos mais relevantes do período de 1991 a 2005. Três aspectos tiveram maior relevância no estudo, são eles: as alterações cognitivas em idosos deprimidos, quando ocorreu o primeiro episódio depressivo e a relação entre a gravidade da depressão e o comprometimento cognitivo.
Os estudos revisados relatam que quanto mais grave a depressão, maior o comprometimento cognitivo e funcional dos pacientes. O agravamento das dificuldades executivas, como iniciativa, planejamento, velocidade psicomotora e flexibilidade mental, talvez seja o grande responsável pela piora de outras funções, principalmente memória visual seguida da verbal.
No que se refere às alterações da cognição de idosos deprimidos, muitos estudos concordam que esta população apresenta desempenho rebaixado em testes de memória, mas são as funções executivas que apresentam maior comprometimento, seguidas de déficits de atenção e queda na velocidade de processamento. Portanto, as dificuldades de memória seriam secundárias a uma síndrome disexecutiva (incapacidade das funções executivas) e, talvez por esta razão, alguns pacientes apresentem poucas alterações em testes de memória, enquanto outros