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A história da educação de surdos implica a compreensão da influência das representações culturais e dos pressupostos políticos e filosóficos. Na Antiguidade, ocorria o sacrifício de surdos em função do ideal grego de beleza e perfeição. Ademais, o nascimento de uma pessoa narrada como "deficiente" era concebido como um castigo dos deuses, o que justificava a sua eliminação .Desse modo, a partir da significação cultural característica dessa época, os surdos são nomeados como sujeitos incompletos e, portanto, incapazes de aprender.
Apenas no século XVI, o médico italiano Girolamo Cardano (1501-1576) advoga a favor da capacidade de aprendizado dos sujeitos surdos. Entretanto, o monge beneditino Pedro Ponce de Léon (1520 – 1584) é o primeiro professor de surdos de que se tem registro histórico. Na segunda metade do século XVIII, o abade de L'Epée (1712-1789) inicia um trabalho pedagógico relacionado à surdez ao deparar-se casualmente com duas irmãs surdas. Inicialmente, seu intuito era apenas catequizador. No entanto, mais tarde, comovido com a situação de pobreza dos surdos da capital francesa, funda em 1760 o estabelecimento que viria a se tornar a primeira escola pública para surdos no Ocidente: o Instituto Nacional de Surdos-Mudos de Paris.
A respeito do trabalho realizado pelo abade de L'Epée, Góes (1996) ressalta ouso de um método chamado de "signos metódicos", o qual foi criado a partir dos gestos dos alunos e de elementos da língua oral. Há quem considere L’Epée o "Pai da língua de sinais". No entanto, antes disso, é considerado como um de seus grandes defensores, pois a língua de sinais era utilizada pelos surdos desde a Antiguidade. Em meados do século XIX, chega, ainda que por um curto período, à sede do Instituto Nacional de Surdos-Mudos, que na época estava sob-regência do abade Sicard, um caso de grande repercussão: o Selvagem de Aveyron.
Os relatos das experiências educacionais realizadas com Victor pelo