Atividade 5.1
Tal como a filosofia, a retórica teve origem na Grécia antiga e a sua origem está relacionada com as novas relações sociais que caracterizam a Pólis. Se a essência da retórica consiste na persuasão do outro através da argumentação, esta é impensável sem democracia e liberdade de debate, características da democracia grega.
Assim se explica que a retórica só se tenha desenvolvido plenamente após a consolidação da democracia ateniense, com a participação directa de todos os cidadãos atenienses, detentores de funções legislativas, executivas e judiciárias, nas assembleias populares. A vida política dependia, portanto, da habilidade em raciocinar argumentar correctamente. Era pois natural a procura de quem proporcionasse a necessária "educação política", papel que os sofistas pretenderam desempenhar.
Não pode haver uma definição de retórica sem a referir à cultura grega, não só porque retórica é etimologicamente um termo grego, mas sobretudo porque a retórica constitui um dos traços fundamentais e distintivos do génio grego. O termo grego retoriké é afim aos termos retor (orador) e retoreia (discurso público, eloquência) e significa tanto a arte oratória como a disciplina que versa essa arte. Contudo, o sentido genuíno do termo ``retórica'' só se alcança quando se percebe como a civilização grega se distinguiu de todas as outras por assentar na palavra pública. Os gregos tinham consciência desse traço distintivo e enalteciam-no. Isócrates elogia Atenas por ser a cidade que descobriu a civilização assente nas palavras, e de saber retirar da capacidade da linguagem as consequências decorrentes dessa superioridade humana sobre todos os animais:
Foi a nossa cidade que revelou a cultura, que descobriu e organizou todas estas vantagens, que nos ensinou a agir e dulcificou as nossas relações, e que