Atendimento com crianças em psicanalise
Talvez seja interessante contar como o caso chegou até mim, e dar um belo exemplo do que é a demanda. Em minha caixa de e-mail, havia entrado um com o tópico “Caso de AT em escola” e, já quando abri, pude perceber o tamanho do e-mail. Não à toa. O e-mail contava muitas coisas já. Havia a descrição de como o garoto via seu pai que, depois de um AVC, ficou impossibilitado de falar e andar por dois anos. No e-mail, vindo de um AT que, apesar de não ter pego o caso para si acabou por se dispor a passá-lo adiante e ajudar a família a conseguir um AT nas condições da escola, relatava a dificuldade do garoto em entender o problema de seu pai: “ele não fala mais comigo e não se mexe, então eu não quero mais brincar com ele”. A proposta era de acompanhar Pedro, um garoto de sete anos, todos os dias em sua escola, quatro horas por dia. O e-mail também solicitava que o AT pudesse ir em sua casa, algumas horas na semana e também marcar reuniões com a escola. Praticamente, um trabalho que ocuparia bastante horas semanais e, por isso, de imediato não entrei em contato. Curiosamente, o mesmíssimo e-mail me chega através de um outro contato e pude notar que antes de retornar a mim, muitos outros ATs haviam recebido-o e manifestado suas impossibilidades. Parecia um caso que ninguém poderia acatar e, tive a impressão, que a excessiva demanda de horários e o baixo valor dos honorários devem ter desestimulado os ATs. Pensei que poderia entrar em contato com este AT, pelo menos para me situar de onde vinha essa demanda e se havia possibilidade de negociação. Enfim, decidi entrar em contato para dar uma contra-proposta. Frente aos cinco dias semanais de quatro horas cada, mais os horários para acompanhamentos na casa de Pedro durante a tarde e horários de reunião, o que eu tinha para oferecer eram dois acompanhamentos de duas e três horas respectivamente e um acompanhamento quinzenal aos sábados de duas horas. Ao conversar com o AT não propus logo de cara as