Ata de conselho
Conselho Escolar e
Educação do Campo
Na escolha dos conteúdos e metodologias mais adequadas às Escolas do
Campo, deve-se ter extremo cuidado para que haja forte relação entre eles e a cultura local. Isso porque o conhecimento se constrói na relação social, no confronto de saberes: entre a cultura universal e a cultura local, entre o erudito e o popular.
Sobre o conceito de “Saber Popular”, Casali⁵⁷ apresenta interessante análise:
O Brasil precisa se dar ao trabalho de reconhecer seu profundo descaso em re
-
lação ao saber popular camponês. Saberes profundos que se originaram de nossas três matrizes socioculturais: afro, indígena e europeu. Estes saberes estão alicer
-
çando continuamente o processo de construção do existir do povo brasileiro. Eles aparecem em festas populares, na agricultura, tratamentos de doenças com plantas medicinais, nos conhecimentos matemáticos e químicos que aparecem nas formas de plantios, nas observações das fases da lua, no ceifar e no guardar os produtos e nos tempos de cada plantio. Não se pensou, infelizmente, uma política de educação, nem linhas pedagógicas que respeitem estes saberes e aproximem de outros saberes.
Entendemos o processo educativo como um conjunto de ações pedagógicas, de orga
-
nizações curriculares desde o ensino infantil ao ensino superior, envolvendo todos os responsáveis pela construção deste novo ser humano camponês. A luta pela terra requer de nós uma política pedagógica que ajude ao campesinato a garantir tudo o que foi acumulado em seus imaginários, nas frestas lendárias onde os saberes se afirmam como identidade e como legado histórico.
Com isso se quer demonstrar a importância do respeito à identidade local na construção dos conteúdos escolares, sem, no entanto, desqualificar a cultura universal que desfaz a possibilidade de predestinação do homem do campo somente ao conhecimento do que ocorre em seu ambiente mais próximo.
Esse confronto de saberes