Astrol E Plotino Princ Ia
3955 palavras
16 páginas
COSMOLOGIA E DIVINAÇÃO EM PLOTINOJaneiro de 2005
Marcus Reis Pinheiro
Pós-Doutorando
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
É bem sabido que a ontologia de Plotino permite um certo tipo de prática de tirar augúrios1. Em alguns trechos de sua obra2, Plotino procura justificar e fundamentar a prática de augúrios dentro de sua concepção de totalidade. O objetivo deste artigo é apresentar os argumentos que orientam esta discussão, especialmente no contexto das influências – platônicas e estóicas – que Plotino apresentava. No entanto, para compreendermos de modo apropriado esta discussão, precisamos ter em mente a concepção de totalidade proposta por Plotino, bem como sua cosmologia e a participação do mundo material na estrutura de seu cosmos. Visto ser um tema muito amplo, este texto pressupõe uma noção geral da estrutura total em Plotino, as famosas três hipóstases, a do Uno (hen) , a do Intelecto (nous) e a da Alma (psykhe). Mesmo assim, este texto começa tratando de certos aspectos das hipóstases, mais especialmente da hipóstase da Alma, para então analisar a concepção de mundo em que é possível um certo tipo de prática de divinação.
Para entrarmos na problemática da divinação em Plotino, temos que sublinhar três traços das hipóstases, especialmente da hipóstase da Alma, a sede da noção de destino e providência. Em primeiro lugar, (1) devemos ter em mente que as duas hipóstases inferiores têm atos duplos. O Nous, por um lado, volta-se para o Uno e o contempla, e tal é sua suprema ação. No entanto, o Nous tem também uma atividade reflexiva, ele se pensa a si mesmo3, se volta sobre si mesmo, impossibilitando, dessa forma, ser puramente simples. Será a partir desse segundo ato do Intelecto, o de pensar a si mesmo, que vai ocorrer a emanação da hipóstase da Alma. A Alma, por sua vez, contempla o mundo inteligível e o seu ato maior também é buscar a hipóstase que a precede. No entanto, a Alma também se volta para o mundo sensível, cuida dele e o