Assessor
Deprimidos, com insónias, sem vontade de trabalhar e com dificuldade em tomar decisões. Ou perdidos ao ponto de achar que a vida já não faz sentido. São cada vez mais os gestores de topo a procurar ajuda de psicólogos e psiquiatras para lidar com a crise. Porque perderam milhões, têm de despedir pessoal ou estão em risco de ficar desempregados. Muitos vêem--se obrigados a reequacionar drasticamente o seu estilo de vida. Com estas mudanças dramáticas, vem muitas vezes um sentimento de vazio, disfarçado ao longo dos anos por uma vida material próspera, afirmam especialistas ao DN.
"Tenho cada vez mais casos destes", diz o psicólogo Mário Fernandes, que há quatro meses tem visto entrarem no seu consultório muitas pessoas desesperadas com o futuro. Na maioria, homens, entre os 40 e 50 anos, que durante muito tempo tiveram uma vida de luxo e uma carreira de sucesso e carregam agora a responsabilidade de gerir empresas à beira da falência e de reorganizar a vida pessoal, familiar e profissional.
As pessoas estão angustiadas porque têm responsabilidades sociais nas empresas e sentem-se culpadas por já não conseguirem controlar a situação, nem tão-pouco acreditar no futuro, explica o psicólogo. "Algumas nem percebem porque não dormem, não comem, têm alterações de humor. Vêm queixar-se. Eu costumo dizer: está a chegar de Cabul, como é que não havia de estar nervoso?", diz, comparando a viragem abrupta motivada pela crise financeira a um cenário de guerra.
Perante o problema, as atitudes divergem, explica: quem tem a vida consolidada em relações e afectos consegue reorganizar-se e seguir em frente, mesmo com menos dinheiro, mas com casamentos e relações familiares mais sólidas. "As pessoas que criaram uma fachada e encontraram no consumismo uma segurança emocional