Aspectos da cenografia no século XX: Adolphe Appia e Gordon Craig
(Gilson Motta)
1 – INTRODUÇÃO
Decorridos cerca de 100 anos da publicação daqueles que constituem os principais teóricos sobre a cenografia e as artes cênicas em geral, pode parecer estranho a proposta de, nos dias atuais, isto é, no contexto da pós-modernidade, se falar algo sobre estes dois homens de teatro que revolucionaram o pensar e o fazer teatral no século XX. Adolphe Appia (1862-1926) publicou “A encenação do drama wagneriano” em 1895, já “A obra de arte viva”, data de 1919. Edward Gordon Craig (1872-1965) “Da arte do teatro” em 1911. As características centrais destas teorias nos parecem ser suficientemente conhecidas.
O presente estudo foi elaborado com base na obra “Revolutions sceniques du XXe. siècle”1, de Denis Bablet. A partir deste texto foram desenvolvidos alguns temas específicos e acrescidos comentários, exemplos e notas explicativas, com base em diversas obras.
De um modo geral, falar sobre o desenvolvimento das artes no decorrer do século XX é uma tarefa bastante complexa devido mesmo à multiplicidade e quantidade de experiências realizadas, experiências estas que, aparentemente, não mantém qualquer relação entre si. Contudo, em qualquer uma das artes, é possível estabelecer alguns marcos fundamentais, seja em termos de realizações, seja em termos de produção teórica. No teatro - e, mais especificamente, na cenografia -, podemos abordar o tema a partir de uma divisão cronológica, a qual comportaria uma grande fase de cerca de 50 anos, correspondendo à primeira metade do século e à formação e consolidação do modernismo; e uma segunda fase que se inicia após a Segunda Guerra Mundial e que corresponde à estética pós-moderna. No presente texto, consideraremos sobretudo a primeira fase.
Em primeiro lugar, devemos lembrar que é impossível falar de cenografia ou de cenógrafos sem considerar os encenadores e os movimentos estéticos ao qual se filiam. Se, por um lado, boa