asda
Isto acabou. As bôcas passaram a abrir~se sàzinhas; as vozes amarelas e negras falavam ainda do nosso humanismo, mas para censurar a nossa desumanidade. Escutávamos sem desagrado essas corteses manifestações de amargura. De início houve um espa'nto orgulhoso: Quê! Êles falam por êles mesmos! Vejam só o que fizemos dêles! Não duvidávamos que aceitassem o nosso ideal porquanto nos acusavam de não s,er~ mos fiéis a êle; por esta vez a Europa acreditou em sua mis~ são: havia helenizado os asiáticos e criado esta espécie nova: os negros greco~latinos. Ajuntávamos, só para nós, astutos; deixemos que se esgoelem, isso os alivia; cão que ladra não morde.
Surgiu uma outra geração que alterou o problema. Seus escritores, seus poetas, com incrível paciência trataram de nos explicar que nossos valôres não se ajustavam bem à v,er~ da de de sua vida, que não lhes era possível rejeitá~los ou assimilá~los inteiramente. Em suma, isso queria dizer: de nós fiz,estes monstros, vosso humanismo nos supõe universais e vossas práticas racistas nos particularizam. E nós os escutá~ vamos despreocupados; os administradores coloniais não são pagos para ler Hegel, aliás lêem~no pouco, mas não precisam dêsse filósofo para saber que as consciências infelizes se ema~ ranham nas próprias contradições. Nenhuma eficácia. Por conseguinte, perpetuemos~lhes a infelicidade, que dela não resultará coisa alguma. Se houvesse, diziam~nos os peritos, uma sombra de reivindicação em seus gemidos, outra não se~ ria que a de integração. Não se trata de outorgá~la, é claro: isso arruinaria o sistema, que repousa, como s,e: sabe, na su~ perexploração. Mas bastaria acenar~lhes com 'essa patranha: viriam correndo. Quanto à possibilidade de revolta, estáva~ mos tranqüilos. Que indígena consciente iria massacrar os filhos da Europa com o fim único de se tornar europeu como êles? Numa palavra, estimulávamos essas melancolias e não achamos mau, uma vez,