As Três Economias Políticas do Welfare State
As Três Economias Políticas do Welfare State – Gösta Esping Andersen
O Legado da Economia Política Clássica
As relações entre capitalismo e bem-estar social já faziam parte das preocupações de economistas políticos clássicos desde o século XIX, antes mesmo que se pudesse dizer que havia um welfare state. Esping-Andersen também se debruça sobre elas e introduz seu texto com dois questionamentos: se a distinção de classes diminui com a expansão da cidadania social e quais seriam as forças causais por trás do desenvolvimento do welfare state. O autor cita Adam Smith, para o qual seria o mercado a solução para abolir as classes, as desigualdades e os privilégios. Para os liberais daquela época, que viviam em uma sociedade que ainda preservava privilégios absolutistas, havia protecionismo mercantilista e reinava a corrupção, a ideia de que o capitalismo de mercado seria uma boa opção poderia ser justificada. A democracia, por sua vez, poderia ser uma ameaça aos ideais liberais, pois poderia reduzir os privilégios da propriedade ao levar o proletariado a politizar a luta pela distribuição, pervertendo o mercado e alimentando a ineficiência, podendo mesmo destruir o mercado. Alguns pensadores conservadores queriam a perpetuação do patriarcado e do absolutismo, outros achavam que o ideal era o welfare state monárquico que manteria a ordem através da disciplina e do autoritarismo. Já a economia política marxista abominava não só os efeitos atomizantes do mercado mas a convicção de que ele poderia trazer igualdade. A questão central para o debate contemporâneo sobre o welfare state é saber se as divisões de classe e as desigualdades sociais produzidas pelo capitalismo podem ser desfeitas pela democracia parlamentar e em que condições. Para os liberais a democracia poderia produzir o socialismo, para os socialistas ela não poderia ser uma resposta aos desejos de emancipação das classes trabalhadoras. No entanto, após algumas mudanças