As rodinhas de leitura no CMEI
Resumo
O presente artigo traz parte dos resultados de uma observação realizada em um CEMEI1. O objetivo do estudo foi caracterizar as ações realizadas com a linguagem por crianças de quatro e cinco anos. Foram analisadas dez rodinhas, para fins deste artigo, apresentaremos inicialmente a construção teórico-metodológica que respalda o nosso estudo. Os resultados do estudo mostraram-se relevantes para a compreensão do papel das rodinhas no cotidiano educativo, bem como para a compreensão de como este espaço pedagógico se organiza. Na perspectiva de compreender o movimento discursivo das crianças finalizamos com a análise de uma rodinha.
Palavras chaves: rodinha, crianças, construção, linguagem
Introdução
Na perspectiva necessária de dialogar com os estudos da linguagem, convido à roda da nossa conversa alguns autores que vêm nos ajudando a pensar as interações discursivas das crianças de quatro e cinco e da professora nas rodinhas. Para percorrer este caminho, fundamento-me em aspectos do trabalho de Vygotsky (1994; 1996) e de Bakhtin (2000; 2002), na perspectiva de discutir as interações sociais, priorizando as interações discursivas. Ambos os autores atribuem ao social o papel relevante e fundamental na constituição do sujeito e da linguagem.
Em Vygotsky (1996), a construção da linguagem se dá no social e é apropriada pelo sujeito através das interações, constituindo-se estas enquanto espaço privilegiado de trocas. O autor afirma que, desde as primeiras interações do bebê, a linguagem já é concebida enquanto social, ou seja, os primeiros balbucios já buscam o outro para trocas, e expressam desejos, incômodos, satisfação etc. O autor diz ainda que a linguagem é permeada pela emoção (afetivo-volitiva) e reconhecida enquanto linguagem social, ou seja, mesmo de forma rudimentar, a criança já convida o outro à interação e já manifesta sentimentos.
Para o autor (1996), o