AS PRINCIPAIS CONCEP ES MORAIS
279 Para completar a exposição precedente, será útil expor as principais concepções da vida moral, que foram propostas no curso da história de um ponto-de-vista diferente daquele que orienta o estudo que acabamos de fazer. Procederemos, assim, a uma espécie de verificação indireta dos princípios deste estudo.
Os filósofos modernos costumam dividir as concepções moraisem três categorias, segundo a maneira pela qual cada um concebe o soberano bem e, por conseguinte, a regra da moralidade. Umas(concepções utilitaristas) colocam o soberano bem no prazer, — outras(concepções sentimentais ou altruístas), o situam na cultura e no progresso dos sentimentos desinteressados e das inclinações sociais, — as outras(concepções racionais), o põem na obediência ao dever conhecido pela razão.
ART. I. AS CONCEPÇÕES UTILITARISTAS
1. Princípio das concepções utilitaristas. — A característica comum das teorias utilitaristas é a de situar o soberano bem do homem no prazer ou no gozo — e fazer, por conseguinte, do prazer, o critério do bem e do mal: é bom o que permite gozar; é mau o que impede o gozar ou o que faz sofrer.
2. As diferentes teorias utilitaristas. — As teorias utilitaristas se diferenciam entre si segundo a maneira pela qual elas entendem que deva ser o prazer.
a) O hedonismo (teoria de GÓRGIAS, Cálicles, Aristipo de Cilene) professa que é necessário aproveitar o prazer toda vez que ele se nos ofereça. Um prazer perdido não retorna. A regra é o gozo imediato.
b) O epicurismo. Epicuro repele este sistema do gozo imediato. Ele professa que, no próprio interesse do gozo, é necessário escolher entre os prazeres, tomando aqueles que não são acompanhados de nenhuma dor, aqueles que não ameaçam privar-nos de um prazer maior, preferindo os prazeres calmos aos prazeres violentos, eliminando qualquer procura de prazeres artificiais. Em suma, Epicuro visa mais a alcançar um estado de tranqüilidade(ataraxia) que uma atividade de