As Preceptoras
DIÁLOGOS ENTRE A LITERATURA E A
HISTORIOGRAFIA EDUCACIONAL BRASILEIRA
Samuel Barros de Medeiros e Albuquerque
Universidade Federal da Bahia - UFBA e-mail: opreceptor@hotmail.com
Palavra-chave: Preceptora – Literatura – Historiografia Educacional
Num passado não muito distante, entre a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX, educadoras estrangeiras estiveram a cultivar a fina-flor da juventude brasileira. Eram preceptoras alemãs, austríacas, francesas, inglesas e suíças que cruzavam o Atlântico, seduzidas por boas propostas de emprego.
A profissão de preceptora começou a ser delineada na segunda metade do século
XVIII, consolidando-se em princípios do século seguinte1. Representando um ramo específico da docência, dedicado à educação no âmbito doméstico, a preceptoria representava a forma mais individualizada de instrução. Distantes dos modelos tradicionais de escola, muitos jovens eram instruídos em seus próprios lares, onde passavam a conviver com as preceptoras. No Brasil, essa prática tornou-se comum entre os membros das elites no século XIX, notadamente no Segundo Império, persistindo durante as primeiras décadas da República.2
Entretanto, o que podemos observar é que a historiografia educacional brasileira privilegiou o estudo das instituições formais de educação e, principalmente, aquelas que, a cargo do Estado ou sob a sua tutela, haviam se desenvolvido. Os manuais de história da educação, lacunares no que diz respeito ao tema, atestam o desinteresse dos estudiosos pela educação doméstica. Em Sergipe e na Bahia, tal abordagem praticamente inexiste, posto que, além de remeter a uma época parcamente explorada, nossa historiografia da educação constitui um terreno com muito por desbravar3. Em parte, essas lacunas podem remeter a outra questão: apesar da constatação e reconhecimento como prática instituída, a educação
realizada na esfera privada, foi alijada dos registros oficiais, deixando poucos vestígios em