As Pessoas Parecem Flores Finalmente
o coração ruge como um leão diante do que nos fizeram.
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pois eles tinham coisas para dizer os canários estavam lá, e o limoeiro e a mulher velha com verrugas; e eu estava lá, uma criança e eu tocava as teclas do piano enquanto eles conversavam – mas não tão alto pois tinham coisas para dizer todos os três; e eu os espiava a cobrirem os canários à noite com sacos:
“assim eles conseguem dormir, querido.” eu toquei o piano bem baixo uma nota por vez, os canários sob seus sacos, e havia pimenteiras, pimenteiras roçando o telhado feito chuva e pendendo de fora da janela como chuva verde, e eles conversavam, os três sentados em um semicírculo na noite quente, e as teclas eram pretas e brancas e respondiam a meus dedos como a magia secreta de um mundo adulto à espera; e agora eles se foram, todos os três e eu estou velho: pés de piratas pisotearam os assoalhos bem varridos da minha alma, e os canários não cantam mais.
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aula noturna, 20 anos depois a pressão famélica de ser tarde demais; teias de agulhas, as mesmas árvores estão aqui; e grama crescida sobre a grama mas os rostos agora são jovens e enquanto você caminha pelo campus pensando
“memória é uma pobre desculpa para o presente” as pernas querem deixar que o corpo caia enquanto velhas imagens grudam em você como moluscos e as garotas que agora se foram e que antes pediam por sua substância agora pendem como cortinas rasgadas pelas janelas da sua mente;
– houve um tempo aqui em que tudo era meu – agora jovens leões reivindicam o território e olham distraidamente suas patas frouxas e resolvem misericordiosamente deixar essa pobre presa passar. ele, é claro, não é páreo para as jovens leoas, ou a primavera no céu matinal. uma vez aqui – uma vez – eu entro na sala e fico em pé contra a parede e ouço meu nome ser lido, e não, não é a mesma coisa: meu velho professor parecia um leão-marinho quando escarrava meu nome
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na escarradeira do mundo e eu dizia PRESENTE! enquanto sentia o sol a escorrer
pelos