As perspectivas de cooperação sul-sul no relacionamento brasil-china
Henrique Altemani de Oliveira
O relacionamento sino-brasileiro é avaliado como decorrente de uma perspectiva similar de inserção internacional. Assim, no período da Guerra Fria, Brasil e China implementaram uma cooperação no plano político-estratégico visando uma ação conjunta direcionada à revisão das regras do comércio internacional. Já no momento posterior, esta perspectiva de Cooperação Sul-Sul é retomada em decorrência das dificuldades de obtenção de consenso na redefinição do Sistema e da Ordem Internacionais. Não se trata de uma oposição aos países desenvolvidos, mas de uma estratégia de aproveitamento das discordâncias entre estes países. Por fim, aponta-se que a parceria estratégica Brasil-China compreende os setores político e tecnológico, enquanto que não há parceria no campo econômico.
Henrique Altemani de Oliveira: Professor de Relações Internacionais e Coordenador do Grupo de Estudos Ásia-Pacífico da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foi Professor Visitante no Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo e Professor da Universidade de Brasília. Palavras-chave: relaçôes internacionais, cooperação, fóruns multilaterais, Brasil, China.
Considerações iniciais
Nas duas últimas décadas do século XX, o Brasil passou por um duplo processo de transformações. Enquanto, no plano político, os anos 80 marcaram a transição de um regime militar para a democracia, no plano econômico o Brasil reconheceu a
NUEVA SOCIEDAD 203
H e n r i q u e Alt e m a n i de Oli v e i r a / A s p er s p e c t i v a s de co o p e r a ç a o S ul- S ul no rel a c i o n a m e n t o Br a s il- C hi n a
exaustão do modelo essencialmente autárquico de desenvolvimento. Em conjunto com a turbulência financeira, a estratégia de inserção à economia mundial sob controle do Estado tornou-se crescentemente mais difícil. Com o objetivo de manutenção de uma relativa margem