As Metamorfoses da Questão Social: Uma Crônica do Salário, de Robert Castel – uma resenha crítica
Walace Ferreira
Atualmente Professor no CAP-UERJ; Doutorando em Sociologia no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP)/UERJ; mestre em Sociologia pelo IUPERJ; bacharel e licenciado em Ciências Sociais pela UERJ. Graduando em Direito na UERJ. Ex-Professor Substituto do Colégio Pedro II; Ex-Professor Substituto da Faculdade de Ciências Sociais da UERJ.
E-mail: walaceuerj@yahoo.com.br.
1. Apresentação
O livro do sociólogo francês Robert Castel, As metamorfoses da questão social: Uma crônica do salário, surge num período em que o problema da insegurança socioeconômica das populações que vivem do trabalho volta a ser colocado na agenda política do Ocidente. É um problema cuja solução, para alguns, estava no Estado de Bem-Estar; expectativa que se revelou frustrada nas últimas décadas do século passado.
Este livro de Castel é a tentativa de reconstrução das diversas faces dessa insegurança ao longo da história européia a partir do período medieval, mostrando como as diversas sociedades enfrentaram o problema do excedente populacional que sucessivos arranjos econômicos não foram capazes de incorporar, a que Castel denomina de “desfiliação social”. Este termo é usado pelo autor para substituir o conceito de “exclusão”, pois ele considera que este conceito perdeu a sua capacidade explicativa, uma vez que todos os processos seriam explicados da mesma forma. Segundo Castel, o uso do termo “exclusão” é uma “resposta preguiçosa” às dificuldades de problematizar os diferentes processos que atravessam a sociedade contemporânea e que fazem com que os indivíduos passem de uma situação de integração para uma situação de extrema vulnerabilidade.
Tendo como inspiração para este livro a sociedade francesa, Castel insere sua obra no seio do debate que se desenvolve acerca do desemprego, da precarização e da flexibilização da presença de estrangeiros na disputa por