As Grandes Cidades - Engels
“Para um grande número, principalmente de ascendência irlandesa, as roupas são verdadeiros farrapos, muitas vezes impossíveis de remendar ou cuja cor original é impossível de reconhecer, tantas vezes foram remendadas. Contudo, os ingleses, ou os anglo-irlandeses, continuam a remendá-las e tornam-se mestres nesta arte; lã ou linho sobre veludo ou vice-versa, pouco lhes importa; quanto aos autênticos emigrantes irlandeses, quase nunca remendam, salvo em caso de extrema necessidade, quando as roupas ameaçam esfarrapar-se; é comum vê-los com pedaços de camisa que passam através dos rasgos do casaco ou das calças” 1
A Europa moderna se proclamava (proclama) uma sociedade empirista e científica, aonde o dinheiro e a ciência regiam (regem) o mundo, mas mesmo assim, todo o discurso do texto deixa explicito que os irlandeses eram europeus à parte, não merecendo consideração e somente piorando a imagem (já ruim) dos trabalhadores. A sociedade europeia do século XIX tinha uma ideia do que era os irlandeses e qual o seu lugar na sociedade capitalista. O tema abordado por esse recorte do texto de Engels (discriminalização dos irlandeses), poderia ser utilizado por Darton em sua tese da “percepção coletiva e da opnião pública”2, aonde investigar como as pessoas dessa sociedade viam essa situação, poderia ajudar a entender o porquê dessa estereotipização, como essa imagem coletiva influenciava na sociedade e até que ponto isso impactou na construção do futuro pensamento europeu.
Ele também procuraria outras obras, “obras menores”3, como ele mesmo afirma, pois esse tipo de obra expressa melhor a mentalidade da época, pois pequenas coisas e acontecimentos também fazem um século. Um século não pode ser dividido somente em guerras e paz, recessão e lucro, mortes e coroações, paz e insurgências.
As histórias também fazem parte da História e tudo isso é