As Diferentes Sociedades E Suas Formas De Trabalho
Indígena
O Território na Cultura
Segundo David Price (falando sobre os Nambiquara), em um artigo sobre política indigenista e política indígena diz: “…o lugar onde os parentes são enterrados é sagrado, e já que estão enterrados na aldeia, a aldeia é sagrada. Onde há Nambiquara enterrado é aldeia, e onde não há ninguém enterrado não é aldeia, ainda que aí vivam cinquenta habitantes.”
O que isso significa, na prática, é que cada sítio de aldeia está historicamente vinculado a seus habitantes, de modo que o passar o tempo não apaga o conhecimento dos movimentos do grupo, desde que se mantenha viva a memória dos ancestrais. Estes estão, portanto, ligados ao território, sendo que o foco dessa relação é o local de habitação, isto é, a aldeia.
No território estão inscritas as mais básicas noções de autodeterminação, de articulação sociopolítica, de vivência e crenças religiosas, para não falar na própria existência física do grupo.
Limitar, pois, o território de um grupo às imediações do seu centro residencial, a aldeia, é condenar esse grupo à penúria permanente, privando-o dos recursos naturais que, por sua natureza ecológica, acham-se espalhados por grandes distâncias, necessitando, consequentemente, de uma exploração extensiva e não intensiva.
As Noções de Trabalho e Lazer
No processo de produção econômica, seja ela caça, pesca, coleta, lavoura ou qualquer outra, o trabalhador não se isola de seus demais papéis e obrigações. Na produção estão sempre presentes considerações de ordem social, ritual, religiosa, para citar apenas as mais comuns e óbvias.
O trabalhador numa sociedade indígena não é compartimentalizado; ele é um ser social total em todas as esferas de sua vida.
Lazer e trabalho não são facilmente separáveis nas sociedades indígenas. Se é falsa a noção de que os índios estão eternamente ocupados à procura de alimentos, sem tempo para atividades mais criativas, também é falsa a idéia