As deusas
crise planetária diz respeito a
própria Terra magoada que tenta se readaptar com seus terremotos, tsunamis e outros fenômenos, ao excesso de exploração do homem. O reflexo de nossa própria cisão interior, a natureza que ficou na sombra agora volta com todo seu poder para ser reintegrada.
A dialética natureza-cultura sempre fora um dos maiores desafios da humanidade. E temos percebido que a cultura ganhou uma força maior do que a natureza, nos últimos tempos trazendo o desequilíbrio e a descompensação. Mas nem sempre foi assim, e o ser humano das sociedades tribais e que ainda hoje convivem harmonicamente com a natureza e nem por isso deixam de ter sua cultura. Embora subjugados e dominados pela sociedade ocidental urbana, muitos povos nativos não deixaram de ter seus costumes e continuar contando seus mitos e rituais e a viver auto-sustentavelmente na natureza.
Para Campbell, existem dois tipos de mitologia, uma que nos aproxima da natureza e outra que nos coloca dentro de um grupo social.
No primeiro, a tentativa não é a de controlar a natureza mas de estar de acordo com ela, e no segundo, a inserção e o pertencimento a um determinada sociedade. Ele acrescenta que atualmente estamos precisando de um mito que identifique o ser humano não mais com um grupo regional específico mas que os identifique com o planeta.
“Hoje, temos que reaprender o antigo acordo com a sabedoria da natureza e retomar a consciência de nossa fraternidade com os animais, a água e o mar.” (CAMPBELL,
J. 2007, P. 33)
A primazia da razão e sua visão utilitarista que quer dominar e
tirar partido das coisas
explorando o mundo natural nos levou a
resultados alarmantes. Se olhamos para uma floresta como se ela fosse um mero objeto e matéria prima que me fornece madeiras para fabricar bens para consumo, é possível que em pouco tempo não haja mais floresta. Se olho e capto o ser da floresta, a energia, a vida que existe nela, minha atitude