As Cortes Portuguesas e as Tentativas de Recolonização
Nos meses seguintes ao regresso de D. João VI tiveram lugar, no Brasil, as eleições dos deputados das províncias às Cortes de Lisboa. Como membro do Reino Unido a Portugal e Algarves, o Brasil tinha o direito de nomear representantes às Cortes. Foram eleitos cerca de 70 deputados, quase todos nascidos no Brasil, mas apenas 49 foram para Lisboa. Muitos decidiram não ir, como os representantes de Minas Gerais. Entre os que viajaram estavam nomes conhecidos e importantes como Cipriano Barata e Muniz Tavares, que haviam participado da Revolução Pernambucana de 1817, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, o Padre Diogo Antônio Feijó, e Nicolau Campos Vergueiro.
Os deputados que foram a Portugal acreditavam na face liberal da Revolução do Porto. Em sua maioria defendiam a união com Portugal através de uma monarquia dual, o que significava que Brasil e Portugal teriam igualdade jurídica, política e administrativa.
A bancada paulista, integrada por seis deputados, foi orientada por um documento, redigido por José Bonifácio de Andrada e Silva: "Instruções do Governo Provisório de São Paulo aos Deputados da Província às Cortes Portuguesas". Este documento, longe de revelar intenção separatista, destacava as vantagens da união entre Portugal e Brasil, desde que fossem asseguradas as condições de igualdade entre os dois. Defendia também a preservação das vantagens conquistadas pelo Brasil desde 1808, e a igualdade de direitos políticos e civis entre cidadãos de Portugal e do Brasil.
No entanto, as Cortes, reunidas desde janeiro de 1821, trabalhavam pela recolonização. Muito antes da chegada dos deputados brasileiros eleitos, já haviam aprovado as bases da futura Constituição, convertida em decreto em 9 de março do mesmo ano. Insatisfeitas com a permanência do príncipe D. Pedro no Brasil, tomaram várias medidas para enfraquecer seu poder, pressionando-o a voltar para Portugal, propiciando assim a recolonização.
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