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Vista aérea do Belvedere do Parque Trianon, na avenida Paulista. A própria Lina propôs a construção do museu no local, que havia sido doado à municipalidade por Eugênio de Lima com a condição de que jamais fosse construída uma obra que prejudicasse o desfrute da paisagem
A primeira sede do Museu de Arte de São Paulo, cujo projeto foi elaborado por Lina Bo Bardi, ocupava dois andares do Edifício dos Diários Associados, na rua 7 de abril, Centro de São Paulo. Já naquele local foram ensaiadas algumas das inovações museológicas que, mais tarde, viriam a contribuir para distinguir a trajetória do casal Bardi no campo da renovação artística do País. "De fato", conta Bardi em Mirante das Artes, "organizou-se um museu de tipo diferente (...) Pensou-se, logo quando da formação da Pinacoteca, também em uma seção didática com a função de esclarecimento histórico-crítico dos objetos apresentados aos visitantes, visando integrá-los, com as analogias e referências possíveis depois do Quinhentos, à arte brasileira".
Essa concepção museológica contemplava uma compreensão abrangente da arte, incorporando como atividade rotineira o desenho industrial, a propaganda e a moda. As artes performáticas - música, dança e teatro - também foram incluídas de modo a reunir toda a produção artística numa única manifestação cultural.
Portanto, o museu não era considerado como instituição destinada apenas à conservação e exposição de obras de arte, mas era entendido como centro de produção artística. Por outro lado, a exposição de um acervo ou a organização de uma determinada mostra pressupõe estudo, pesquisa, projeto, enfim, um conjunto de atividades que dependem da participação de vários colaboradores de formação diversificada. O acervo do museu, por sua vez, não deveria se limitar ao espectro da arte consagrada, mas, sim, buscar incorporar toda a amplitude da produção cultural. Assim, compareciam com a mesma consideração tanto a arte consagrada