Artigo
Geoglifos da Amazônia ocidental: evidência de complexidade social entre povos da terra firme Denise Schaan1 ; Martti Pärssinen2;
Alceu Ranzi3 ; Jacó César Piccoli4
Resumo
Diferenças ecológicas entre os ambientes de várzea e terra firme (terra para agricultura, acesso aos recursos ribeirinhos e navegação) têm apoiado interpretações dos povos de terra firme como horticultores de coivara semi-sedentários, que nunca desenvolveram complexas instituições sociais ou cultura material elaborada. Esse artigo desafia essa posição, ao reportar a existência de centenas de estruturas de terra perfeitamente geométricas erigidas por populações pré-colombianas nos solos argilosos da
Amazônia ocidental, no Estado do Acre e adjacências. Os geoglifos, como estão sendo chamados, indicam uma população expressiva, organizada regionalmente, vivendo por centenas de anos em um habitat que foi uma vez considerado como inadequado para sustentar complexidade social. Levantando algumas hipóteses sobre os construtores de geoglifos, os autores argumentam por uma revisão do modelo ecológico à luz das novas evidências.
Palavras-chave: Geoglifos, terra firme, sociedades complexas, arqueologia Amazônica
1
Universidade Federal do Pará, Laboratório de Antropologia A. Napoleão Figueiredo, R. Augusto Correa
1, Campus Básico, 66075-110, Belém/PA, denise@marajoara.com.
2
Instituto Renvall, Unionin 38 B (Caixa 59), 00014 - Universidade de Helsinque, Finlândia, martti.parssinen@helsink.fi. 3
Prefeitura Municipal de Rio Branco, Museu de Paleontologia, e Universidade Federal do Acre, Laboratório de Pesquisas Paleontológicas, alceuranzi@hotmail.com.
4
Departamento. de Filosofia, Comunicação e Ciências Sociais, UFAC-Universidade Federal do Acre,
BR-364, Km 4 - Campus Universitário - 69915-900 - Rio Branco/AC, jc-piccoli@uol.com.br.
Revista de Arqueologia, 20: 67-82, 2007
67
Schaan, D.; Pärssinen, M,; Ranzi, A.; Piccoli, J. C.
Abstract
Ecological