Artigo
Por Lucas Piter Alves Costa1
Apresentação
Norman Fairclough é um dos expoentes da Análise do Discurso que se convencionou especificar como Crítica (ADC). É autor de livros norteadores dessa disciplina, como Language and
Power (1989), Discourse and Social Change (1992) e Analysing Discourse (2003), marcos do desenvolvimento teórico-metodológico da ADC na perspectiva faircloughiana.
A ADC é uma disciplina jovem, surgiu em 1990, em um simpósio em Amsterdã, ocasião em que, além de Fairclough, encontravam-se outros ícones da área: Teun Van Dijk, Gunther Kress,
Ruth Wodak e Teo Van Leeuwen. A existência recente da ADC, porém, não elimina sua consistência teórico-metodológica característica da AD. Parte de sua coerência se deve ao fato da ADC se orientar linguística e socialmente na análise de seu objeto. Aqui, daremos foco maior às bases sociológicas de seu arcabouço a partir dos pressupostos trabalhados por Fairclough (2001) e
Fairclough e Wodak (2000). Dada à extensão de seu trabalho, propomos aqui apenas mostrar algumas ideias que compõem a ADC e uma reflexão sobre elas, entendendo que se trata de uma abordagem panorâmica.
O enfoque crítico
A ADC estuda as interações sociais a partir da análise de textos. Não se trata de um estudo puramente sociológico, no entanto, nem de uma abordagem exaustivamente linguística dos textos. A AD como um todo se insere no limiar entre esses dois pontos, buscando a relação do elemento linguístico com o elemento social. E no caso específico da ADC faircloughiana, o foco de sua pesquisa científica é a mudança social a partir da mudança discursiva, no ponto em que uma implica a outra mutuamente.
Assim, o enfoque crítico da ADC se caracteriza por uma visão própria e distintiva da relação entre linguagem e sociedade, e da relação entre a própria análise e as práticas analisadas.
A ADC se propõe a tornar transparentes os aspectos opacos dos discursos, no que dizem