artigo
28 a 31 de julho de 2009, Rio de Janeiro (RJ)
GT25 - Sociologia da Cultura
Coordenação: Rogerio Proença Leite (UFS), Maria Celeste Mira (PUC/SP),
Edson Farias (UNB)
O papel das redes sociais na música independente do Brasil
Arthur Coelho Bezerra
Doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós Graduação do Instituto de
Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(PGSA / IFCS / UFRJ)
Preâmbulo: sobre as transformações na indústria musical
Não é de hoje que a música deixou de ser apenas “arte” para tornar-se também
“negócio”. Desde as décadas de 1920 e 1930, época em que os frankfurtianos
Theodor Adorno e Walter Benjamin escreviam suas críticas ao fetichismo da cultura, nos acostumamos a ouvir termos como “mercado fonográfico” e “indústria do entretenimento”.
De lá pra cá, diversas formas de comercialização de produtos e serviços musicais foram desenvolvidas, incluindo-se a invenção de novos suportes sonoros. Dos primeiros fonógrafos de Thomas Edison à invenção do vinil, as novas técnicas de reprodutibilidade promoveram uma grande ampliação do acesso ao produto fonográfico, fazendo com que amantes de música pudessem levar o som de orquestras inteiras para casa.
Mas se por um lado o acesso à música foi potencialmente ampliado, a estrutura comercial da indústria fonográfica percorreu o caminho inverso. Na década de
1990, o domínio dos meios de produção nas mãos de poucas empresas chegou ao ponto em que, dos 40 bilhões de dólares movimentados em média por ano,
90% encontrava-se concentrado em apenas seis empresas multinacionais
(Canclini, 2002, p. 58).
O Brasil, da mesma forma que nossos hermanos latino-americanos, sofre as conseqüências desta desigualdade: além das multinacionais Sony, Warner,
Universal e EMI, raras são as empresas deste ramo – salvo exceções como
Biscoito Fino, Deck Disc e a “global” Som Livre – com suficiente capital financeiro
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