Artigo Trem Bala - Gestão de Projetos
Nos últimos meses, o governo elegeu um trem de alta velocidade ligando São Paulo ao Rio de Janeiro como uma de suas grandes bandeiras eleitorais. O trembala — que até agora não passa de uma ideia — seria capaz de trafegar a até 300 quilômetros por hora, numa extensão de 511 quilômetros, e transportar 35 milhões de passageiros por ano. A previsão é que a viagem dure 1 hora e 30 minutos e concorra com a ponte aérea. A obra está avaliada em 34 bilhões de reais (cerca de 20 bilhões de dólares). Tudo, claro, pode mudar quando — e se — o projeto de engenharia existir. O impacto ambiental é desconhecido. Todo o estardalhaço em torno do trem, visto como símbolo máximo do desenvolvimento do Brasil, é feito sem que se tenha sequer conseguido fixar gastos com desapropriações e construção de túneis e viadutos. Os 34 bilhões de reais podem virar 50 bilhões, já que o orçamento é uma peça de ficção. De todo modo, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já garantiu aos eventuais construtores um empréstimo de 19 bilhões de reais a um juro real camarada: 3% ao ano. Para estimular os investidores, o governo entra no projeto com mais 2 bilhões de reais, coloca outro bilhão na criação da companhia que vai gerenciar o trem e oferece cerca de 6 bilhões de reais em isenção de impostos. Ou seja, a maior parte dos investimentos e do custeio será arcada pelos cofres públicos.
Segundo Bernardo Figueiredo, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o projeto tem muitas vantagens. “Primeiro, há o fato de o trem incentivar a desconcentração urbana”, diz ele. “As pessoas poderão morar no interior e trabalhar no Rio ou em São Paulo.” A proposta também é aliviar a malha aérea, transferindo para Viracopos, em Campinas, parte dos passageiros dos aeroportos das capitais. Haveria ainda o benefício ambiental: “O trem de alta velocidade, por ser elétrico, é a melhor opção no momento em que o mundo pede a redução de