Artigo genero textual
RESUMO: Nesse artigo discutimos a noção de gêneros textuais e a apropriação que a escola tem feito desse conceito. Na tentativa de colocar em prática as condições de produção de textos passou-se a entender que escrever textos era produzir gêneros textuais, uma vez que não se escrevem textos, mas diversos gêneros textuais. Esse trabalho fundamenta-se em autores como Bakhtin e Marcuschi para discutir como a noção de gêneros tem sido incorporada à prática escolar, buscando apontar pontos positivos e possíveis perigos dessa forma de lidar com a produção de textos. Palavras-chave: Gêneros textuais; Escrita; Leitura
1. Problematizando a noção de gêneros textuais Gêneros textuais1 têm sido foco de muita atenção por parte de pesquisadores e professores e é muito comum que sejam tratados como pacotes muito bem delimitados e com características claras e pouco variáveis. Parte-se muitas vezes do pressuposto de que cada gênero é bem definido, possuindo, portanto, um formato a ser seguido. Há muito em comum entre textos que, prototipicamente, pertencem a um mesmo gênero, mas nem todo texto é um exemplar prototípico de um determinado gênero. Sobre o gênero poema, por exemplo, há tantos poemas, de tantos tipos, com formas e formatos tão diferentes que fica difícil muitas vezes explicar porque são todos considerados poemas. Nem vamos entrar na discussão da qualidade desses textos, que às vezes é um critério para que se aceite um texto como sendo um poema ou não (muitas vezes nem como textos são aceitos). A função pode ser um critério que, aliado à forma, pode nos ajudar a classificar os textos em gêneros, mas também não resolve o problema da classificação. Para exemplificar, podemos pensar em uma carta. Uma carta prototípica normalmente começa com uma abertura em que o escritor cumprimenta o destinatário, tem um corpo onde o escritor manifesta suas idéias e um fechamento em que o escritor se despede do